Ponto e vírgula.

Talvez seja a altura de parar de pensar que a nossa história apenas tem um ponto e vírgula no fim, talvez seja a altura de acreditar que já tem um ponto final há muito posto. Talvez seja a altura de parar de a meio do meu caminho diário,  olhar para trás para ter a certeza que realmente não estás lá a correr para me abraçar. Talvez seja a altura de fazer o que fizeste, seguir em frente. Apesar de todo o mal que me fizeste, apesar de todas as lágrimas que deixaste que eu derramasse, tenho de te agradecer o facto de me tornares mais forte, acho eu... Ou talvez eu ainda continue a mesma criança que sempre fui, fraca, sem saber quando levantar as defesas, pensando que todo mundo é boa pessoa.
Passo o dia a olhar para o vazio, a tentar perceber se ainda pensas em mim, se ainda te lembras do meu sorriso, se ainda te lembras de me dizeres que íamos ficar juntos para sempre.
Todos os dias eu escrevia uma nota na nossa pauta, às vezes ritmada por um sentimento com o qual mal conseguia lidar, outras vezes por sentir que me irias fazer feliz para toda a vida. Acredita que queria continuar a escrever cada nota, conforme a disposição, queria continuar com os Fás, os Sois, os Sís, os Mis, os Lás e até com os Dós e os Rés, porque por cada sucessão de notas graves, por mais tristes que pudessem ser, significavam que pelo menos a história continuava e que por mais negro que tudo estivesse, a canção iria continuar, e no fim, eu iria cantar cada nota naquela melodia, suavemente, com todos os sentimentos que fazias florescer. Mas infelizmente nada foi como planeei, tudo acabou num Fá, sem explicação, paraste de me dar razão para escrever.
E assim conto apenas mais uma história de uma melodia inacabada, de forma dolorosa, e de uma canção que anda hoje não consigo cantar.

It's just like yesterday

Deixaste - me na cama , ténue e calma , coração a bater a um ritmo decrescente , pupilas dilatadas , prestes a deixar - me cair , serena , num apagão duradouro . De olhos entreabertos , reparo nas madeixas de cabelo que me cobrem a face que apenas me deixam ver a mão pousada perto do meu rosto , a tocar ao de leve na almofada . Penso se realmente continuas sentado a observar - me a adormecer , ou se pouco te preocupaste se a meio da noite acordasse a tremer ... pálida e fria . Mantenho - me apenas a observar a mão que toca a ponta dos meus cabelos e que se mantém firme junto ao meu rosto , e tento perceber se a mão é a minha ou a tua . Se realmente aí estás , tira - me as madeixas do rosto , levanta - me o queixo e beija - me apesar de saberes que estou a dormir , apesar de saberes que não vou relembrar , apesar de saberes que não vou sentir . Porque isso sim , é a maior prova de amor que me podes dar .